1. Deus existe?
Muitos são os argumentos contra e a favor da existência de Deus propostos por filósofos, teólogos, cientistas e outros pensadores ao longo da história. Os que acreditam na existência de uma ou mais divindades são chamados de teístas, os que rejeitam a existência de deuses são chamados ateístas.
1.1 - Definição de Deus
Existem diferentes definições para Deus, mas no geral Deus é um de um ser sobrenatural que explica a existência do Universo e do mundo como ele é, sendo ele a explicação para as leis da física e elementos da Natureza. Para alguns, Deus possui características humanas, ou seja, personalidade humana, considerado uma ou mais divindades pessoais. Essas divindades pessoais são muitas vezes adoradas coletivamente, formando uma religião teísta. Quando esse Deus não influencia no mundo ou tem uma definição vaga e sem atributos humanos, ele é um Deus deísta. Quando, porém, a própria física ou a Natureza são chamadas por "Deus", esse é um Deus panteísta.
A discussão sobre a existência de Deus centra-se principalmente nos argumentos contra ou a favor da realidade de um Deus teísta (Deus enquanto pessoa). O principal Deus contemporâneo nessa categoria é Javé, adorado pelos cristãos e judeus, também chamado de Alá pelos islâmicos.
2. Argumentos pela existência de Deus
2.1 - Argumento ontológico
O argumento ontológico é uma forma de raciocínio lógico a priori (antes de) para defender a existência de Deus através do argumento de que ele é um ser supremo, o maior que se pode imaginar, e que necessariamente precisa existir. O primeiro argumento ontológico foi feito por Santo Anselmo, em sua obra "Proslogion". Os seus passos de raciocínio são:
Existe na mente de todo homem a ideia de um ser que não se pode pensar outro maior
Existir só na mente é menos perfeito do que existir na mente e também na realidade (a existência é uma das qualidades da perfeição)
Se o ser maior do que o qual não se pode pensar outro só existisse na mente seria menor do que qualquer outro que também existisse na realidade
Logo, o ser do qual não se pode pensar outro maior deve existir também na realidade (existência real necessária), logo conclui-se que existe Deus e esse ser é o mais perfeito de todos
Defenderam esta tese com argumentos distintos São Boaventura, Duns Scoto, Descartes, Leibniz, Hegel, Isaac Newton quando citou a mecanica celeste ou gravitação universal, Karl Bath, N. Malcom. Rejeitaram o argumento ontológico Tomás de Aquino, David Hume, Immanuel Kant, entre outros.
2.2 - As cinco provas de São Tomás de Aquino
Tomás de Aquino, padre, santo e doutor da Igreja Católica Romana, em sua obra "Suma Teológica" defende que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas e que, fazendo apenas o uso da luz natural da razão a partir das coisas criadas. Pelas cinco provas de Tomás de Aquino (também chamadas de cinco vias de Tomás de Aquino), a defesa pela existência de Deus acontece por meio da razão e sem recorrência a argumentos de natureza dogmática, para isto propõe cinco vias de demonstração de natureza exclusivamente filosófico-metafísica.
As cinco vias são provas a posteriori (a partir de...), que têm como ponto de partida as criaturas enquanto entes causados para se atingir como termo de chegada a necessidade da existência de Deus; são demonstrações metafísicas (causalidade do ser) e não científico-positivas (causalidade dos fenômenos), mesmo partindo da experiência sensível e, aplicando o princípio da causalidade, mostram ser impossível se proceder ao infinito na cadeia de causas.
1a. via - Primeiro Motor Imóvel: Os Nossos sentidos atestam, com toda a certeza, que neste mundo algumas coisas se movem. Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido, e um tal ser todos entendem: é Deus.
O movimento aqui é considerado no sentido metafísico, isto é passagem da potência - como sendo aquilo que uma coisa pode vir a ser, para o ato - aquilo que a coisa é no momento. Deus é ato puro e não sofre mudança. O seu Ser confunde-se com o Agir.
2a. via - A Causa Primeira ou Causa Eficiente: Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. Não se encontra, nem é possível, algo que seja a causa eficiente de si próprio, porque desse modo seria anterior a si prórpio: o que é impossível. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita e não se chegaria ao efeito atual. Logo é necessário afirmar uma Causa eficiente Primeira que não tenha sido causada por ninguém. A esta Causa todos chamam Deus. Assim se explica a causa da existência do Universo.
3a. via - O Ser Necessário e o Ser Contingente: Existem seres que podem ser ou não ser, chamados de contingentes, isto é cuja existência não é indispensável e que podem existir e depois deixar de existir. Todos os seres que existem no mundo são contingentes, isto é, aparecem, duram um tempo e depois desaparecem. Mas, nem todos os seres podem ser desnecessários, caso contrário o mundo não existiria. Alguma vez nada teria existido, logo é preciso que haja um Ser Necessário que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundamentada em nenhum outro ser.
Igualmente, tudo o que é necessário tem a causa da sua necessidade noutro. Aqui também não é possível continuar até o infinito na série das coisas necessárias que têm uma causa da própria necessidade. Portanto, é necessário afirmar a existência de algo necessário por si mesmo, que não encontra em outro a causa de sua necessidade, mas que é causa da necessidade para os outros: O que todos chamam Deus.
Do Nada não surge e nem advém o Ser. Como se observa que as coisas existem, não pode ter havido um momento de Nada Absoluto, pois daí não se brotaria a existência de algo ou coisa alguma.
4a. via - O Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos demais: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, o universo está ontologicamente hierarquizado - seres racionais corpóreos, animais, vegetais e inanimados) qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.
5a. via - A Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem admirável no Universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada. Com efeito aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim, a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente, como a flecha pelo arqueiro. Logo existe algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós chamamos Deus.
Há uma ordem em todos os seres, o menor vegetal, por exemplo, tem órgãos para cada função ordenados para a preservação da espécie. Esta ordem pressupõe uma Inteligência ordenadora, pois a ordem não vem do caos e nem do acaso. Da mesma forma as letras de um livro não são colocadas ao acaso. Logo a ordem existente no mundo prova a existência de uma Inteligência que ordenou todas as coisas nos mínimos detalhes. É necessário que exista uma Inteligência Suprema que tenha ordenado o Universo criado.
2.3 - O Argumento a partir da existência do universo
O mundo exige uma causa de si, que se chama Deus. Não há efeito sem causa. Todo o ser que começa a existir tem uma causa. O universo tem um grau de complexidade superior a qualquer obra humana conhecida. Logo não se pode admitir que tenha aparecido sem que um Ser lhe tenha dado a existência, Assim como a existência de um edifício pressupõe a existência de um engenheiro, ou a de um quadro a do pintor. Esse Ser chama-se Deus.
2.4 - O Argumento Psicológico
Conhecido também como argumento eudenomológico, funda-se na afirmação de Santo Agostinho de Hipona: «Criaste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós» (Confissões). Funda-se na constatação de que todo homem busca a felicidade e que esta felicidade plena e eterna não dura se alcança, e mesmo quando se alcança não dura pois um dia chega a morte. Logo deve existir um bem cuja posse seja capaz de dar ao homem a felicidade infinita e eterna que tanto busca.
2.5 - O Argumento Histórico
Cícero, senador romano, parte da constatação da universalidade do fenômeno religioso. Não se tem notícia de sociedade humana que não tivesse culto à divindade, este grande consenso histórico e quase universal tem grande probabilidade de ser retrato da realidade existente.
- Texto adaptado da wikipédia.
3. Agora teste o seu conhecimento:
1. Defina com suas próprias letras quem é Deus.
2. Que teólogo afirma ser impossível Deus não existir, quando na mente humana e na realidade há um ser do qual não se pode pensar outro maior e como se intitula o seu argumento?
3. Qual o significado do termo "a posteriori" aplicado às cinco vias de Tomás de Aquino na tentativa de provar a existência de Deus?
4. Qual das cinco vias de Tomás de Aquino "funda-se na constatação de que todo homem busca a felicidade e que esta felicidade plena e eterna não dura se alcança, e mesmo quando se alcança não dura pois um dia chega a morte."? Por quê?
5. Em que se fundamenta o argumento histórico, apresentado por Cícero?
6. Quais dos argumentos dados, sobre a existência de Deus, se coadunam com a ideia presente na seguinte frase: «...Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido, com certeza, pela luz natural da razão humana, a partir das coisas criadas»?
7. O que são seres contingentes?
8. Observando o que está em nossa volta, dê um exemplo claro de algo que prove a existência no universo de uma Inteligência Ordenadora.
9. Obedecendo o critério usado na 4ª via de Tomás de Aquino ponha em ordem hierárquica de perfeição os seguintes seres: anjos, Deus, homens, vegetais, animais, minerais, conforme o exemplo:
I. Deus
II. ___________
III.___________
IV.___________
V. ___________
VI.___________
10. Em que se fundamenta, o argumento psicológico, para provar a existência de Deus?
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